Eis uma lamentável adulteração do ensinamento do Tantra e que se arrasta em várias culturas. A palavra aramaica que Jesus usava é "tob", que significa "retornar", "voltar para Deus". O tantra é um reconhecimento de que somos, ter um vishmaya, é ter uma consciência de si mesmo, ter um samadhi. O sentido desse conceito se expressa bem melhor na palavra grega inicialmente utilizada para traduzi-lo. Essa palavra é metanoia, que, assim como tob, vishmaya, samadhi significa algo muito maior do que simplesmente lastimar a má conduta ou crer em uma evolução da consciência. Assim, o significado original de metanóis é, literalmente, "ir além ou mais alto do que o estado mental ordinário".
Quando nos religamos, o verdadeiro significado do pecado torna-se evidente. Pecado significa literalmente "errar o alvo". Pecado não é simplesmente uma má conduta. É a transgressão da lei divina ou principio cósmico. É a incapacidade de centrar-se em si mesmo, é estar "fora do alvo". Assim, a religião, no sentido mais exato, é um instrumento destinado a despertar-nos para o processo de vir-a-ser cósmico.
O maravilhoso em nós, enquanto natureza-tomando-consciência-de-si-mesma, é que todos temos a capacidade latente de assumir o controle consciente de nossa própria evolução, de construir nossa própria ponte e, assim, tornar-nos membros da nova era, da nova humanidade. Reconhecer-se
Ao longo dessa mudança, deste reconhecimento, existem estágios que podem ser apresentados numa formulação simples: da ortonóia, através da paranóia até a metanóia. Só evoluímos da ortonóia, isto é, do estado usual e prosaico da mente centrada no eu, mas que não se assume; para a metanóia passando pela paranóia, estado no qual a mente está perturbada (isto é separada) e é reorganizada através da disciplina espiritual para que possa ser experimentada uma clara percepção da realidade. As psicologias ocidentais convencionais consideram a paranóia um colapso patológico. Evidentemente, com freqüência ela o é, mas, vista desta perspectiva, não é necessariamente assim. Ao contrário, ela pode ser uma ruptura, não a ruptura final, mas um estádio necessário de desenvolvimento no caminho da percepção do si mesmo.
A paranóia é uma condição bem compreendida pelas tradições místicas e sagradas. As disciplinas espirituais praticadas sob orientação de um guru ou mestre destinam-se a facilitar a acelerar a passagem pela paranóia, para que o aspirante não se perca no labirinto do espaço interior e se torne sua vítima.
Como a metanóia, de um modo em geral, não foi experimentada pelos criadores da psicologia e psicoterapia ocidentais, a paranóia não foi amplamente compreendida em nossa cultura. Ela é vista como um beco sem saída anômalo, e não como um pré-requisito necessário à consciência superior. Não se compreende que a confusão, o incômodo e o sofrimento vivenciados na paranóia se devam inteiramente à destruição de uma ilusão, ou um eu iludido. A ilusão de “AINDA NÃO SER”.
Quanto menos nos apegamos a essa ilusão, menos sofremos. Quando assumimos nossa condição espiritual com consciência e responsabilidade, assumimos que somos e deixamos a paranóia, a separação de lado, pois aquilo que nos separa do que somos é a causa da ilusão e do sofrimento. Então a palavra chave para o Tantra é: reconhecimento.
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