quinta-feira, 20 de setembro de 2007

Sexo Tantrico



Fala-se hoje muito do sexo tantrico, em torno do assunto há um mistério que fazem girar as cabeças e revolver necessidades. O sexo tantrico não tem nenhuma manobra de prolongar o prazer ou multiplicar o gozo sexual, na prática ele é uma resignificação dos papéis sexuais, feita com a finalidade de permitir que sexo e amor sejam possíveis em uma relação a dois. Tem recaido sobre o feminino a culpabilidade de não ter um papel definido, entre ser mãe e mulher, mas este paradoxo é causado pelo comportamento masculino, onde a mulher é uma adaptação ao masculino e suas necessidades. O gozo masculino encerra a relação, interrompe um fluxo de amor, corta, abandona o feminino, lha caindo como abandono, abandono este que será trabalhado como nostalgia de um amor que não perca seu interesse no gozo sexual. Muitos homens sentem que interromperam algo fundamental e partem para a filosofia pos coito frustrado, digo frustrado pois todo coito não tantrico é frustrado, mesmo com dezenas de gozos em êxtase. Este reatamento, resignificação, se dará para os dois por estímulos fora da relação, com a quebra do amor, os dois vão a campo nutrir-se de outras relações, fantasiadas ou insinuadas para alimentar e resiginificar a relação com seu amor. O tantra tomado como sexo tantrico tem que resolver esta questão na esfera dos dois, e isto somente pode ocorrer se o macho da relação abdicar completamente de sua fêmea como objeto de gozo e ela desarmar sua fantasia narcisica de ser o objeto de gozo, esta inversão produz a simbolização do falo masculino como objeto, centro de poder e de amor, trazido para o real e para o simbolico ao mesmo tempo, como sexo e como amor. O "falo" tornado linga é o inicio daquilo que pode ser o sexo tantrico, que é o sexo que é amor e que é transcendência.

O vinculo entre sexo e amor está aberto até hoje na nossa sociedade, é este vinculo que o "sexo tantrico" reata, segundo nossa ontologia, nossa formação física e psíquica. Sem este vinculo todos somos portadores da neurose ordinária, comum, a ferida narcísica da sexualização dos nossos pais a voltar e exigir resolução. Falar em transcendência sem o vinculo entre sexo e amor resolvido é manipular onipotentemente a realidade, viver na alienação.

Sem o tantra e o resgate do sexo tantrico vive o homem sua insegurança e a mulher a sua nostalgia de algo não realizado. A revivencia do sentimento de desamparo feminino e da insegurança masculina como marca, como ferida psíquica com a qual lutaremos ate a morte.

O amor tratado sem o sexo tantrico é visto como insuficiência cotidiana, como falta, espaço em aberto, vazio que nos ataca quando nossa tolerância a frustração está em baixa.

Reagir a esta falta é justamente criar um vinculo entre sexo e amor, restabelecer a ordem natural das coisas, buscar no sexo um reatamento e não mais uma separação.